31 de outubro de 2019

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por: Milton Medusa

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A importância de tocar ao vivo

Olá, amigos!

Este texto foi publicado primeiramente no site Line Rockers, onde mantive uma coluna sobre guitarra e música por algum tempo:https://linerockers.com.br/

“A importância de se tocar ao vivo”

Já completei mais de 30 anos de shows, desde 1988, e isso me fez refletir sobre tudo o que envolve estar num palco, tocando um instrumento e a importância deste momento catalisador de emoções e vivências. Cada um tem sua historia, mas no meu caso, já me apresentava em pequenas festas de aniversário, minhas e de amigos, além das escolas de música onde iniciei meus estudos de violão e guitarra.

Então, quando completei 15 anos, fiz uma apresentação com a banda Buquê de Espinhos na minha casa, como aquecimento para o nosso primeiro show aberto, que seria realizado no dia seguinte. O referido show, foi num festival com bandas da cidade de São Vicente, em São Paulo, numa esquina da Vila Votoruá, organizado por um dos integrantes destas bandas, Rubinho Jack.

Minha banda de rock’n roll ensaiou quase que diariamente por cerca de 2 meses e nos apresentamos por 50 minutos, com um repertório de músicas próprias e covers nacionais do que rolava nas paradas da época, como Titãs, Capital Inicial e Ultraje a Rigor, entre outros. Neste primeiro show, ainda não tínhamos afinadores eletrônicos, nem diapasão, e afinávamos na intuição, de modo que nem sei em qual altura tocamos. O que importava era subir no palco, ver a reação das pessoas, incluindo muitos amigos presentes e parentes, sentir como rolava nosso repertório ao vivo e ter o nosso som amplificado!

Eu usava uma guitarra Dolphin vermelha recém adquirida, um pedal Heavy Metal, da Boss, e um amplificador Mikassim. Um set modesto, é verdade, mas na época, nem me ligava ainda em marcas de amplificadores, só nos pedais, que logo depois comecei a usar emprestado de amigos mais velhos, nos shows. Acho que fomos os primeiros da noite e o público reagiu muito bem, devido ao repertório conhecido, nossa alegria em estar num palco e a nossa música que se tornou hit no underground da cidade, “Vicente”, que falava sobre um vizinho chato e que ficava louco com os nossos ensaios quase diários.

Depois deste sucesso inicial, começamos a tocar com bastante frequência naquele ano de 1988. Rolaram shows em espaços das prefeituras da baixada santista, festivais, festas particulares, escolas e até viajamos para São Roque, mas aí vale um capítulo a parte, de tantas aventuras que tivemos…

Estou passando todos estes detalhes para você tentar imaginar a verdadeira catarse que foi para um adolescente de 15 anos se apresentar ao vivo, após seis anos de estudos, sendo três no violão clássico e outros três na guitarra. Eu já tinha um projeto de banda Heavy Metal, que é o que mais gostava na época, chamada Vôo Noturno, mas que ficou somente nos ensaios, então, eu senti o gostinho do palco com uma banda mais pop e fui em frente.

Tomei pau em várias matérias na escola, pois só queria tocar e ouvir discos o dia inteiro, claro!

Passava horas tocando guitarra, acompanhando os discos que escutava e que nem sempre estava correto, mas valiam as horas de vôo. Desde que comecei a aprender a tocar guitarra, fui incentivado a compor pelo meu professor, Chico Pupo, e nada melhor do que você testar suas composições ao vivo para saber se realmente funcionam.

Naquele momento, tudo que praticava, vislumbrava e idealizava, se tornou realidade e tudo que consegui através da música, como amizades, relacionamentos, bem materiais, e muitas realizações, devem-se a este primeiro passo fundamental na carreira de um músico, que é tocar ao vivo!

Costumo colocar meus alunos para tocarem logo, inicialmente em aulas práticas e depois no palco, pois sei muito bem da importância deste momento. Muitos alunos se interessam mais pelos estudos musicais após esta experiência enriquecedora e, inclusive, os ajudam socialmente, pois alguns são tímidos e se desinibem no palco.

Por último, e principal para o músico, a “pegada” se desenvolve na estrada, como bem citou Frejat numa entrevista antiga à revista Guitar Player. E digo que não há técnica que sobreviva se não for colocada a prova do palco!

Numa época completamente dominada pelas “lives” e afins, que ajudam bastante a ter contato com o público virtualmente, pense nisso com carinho e se apresente ao vivo de alguma forma, seja na sua casa para os familiares e amigos, ou em alguma oportunidade que apareça, pois você vai sentir sua evolução e a experiência inigualável que é tocar ao vivo!

Abraços e bons shows!