6 de abril de 2025

|

por: Milton Medusa

|

Categorias: Indicações, Reviews

Álbuns ao vivo do rock brasileiro: Barão Ao Vivo

Olá, pessoal!

Dando continuidade ao tema álbuns ao vivo importantes do rock brasileiro que não são muito lembrados, na minha opinião, o escolhido dessa vez é o “Barão Ao Vivo”, do Barão Vermelho, lançado em 1989. É um álbum de referência para a minha geração e que ouvi muito!

Vamos lá!

Abraços,

Medusa.

“Barão Ao Vivo”– Barão Vermelho (1989):

“É o seguinte: agora o rock and roll vai rolar e vai direto!”

Com essa frase icônica de Frejat na abertura do disco, inicia-se um autêntico álbum ao vivo que dá um apanhado geral das duas primeiras fases da carreira do Barão Vermelho, ou seja, da fase com o Cazuza no vocal e da fase seguinte com Frejat assumindo o vocal, além da guitarra principal da banda. Gravado em shows realizados na casa noturna paulistana Dama Xoc, entre os dias primeiro e três de junho, de 1989,  lançado pela gravadora WEA e tendo a produção conjunta do próprio Barão, de Ezequiel Neves e Paulo Junqueiro, a banda apresentava uma formação em quinteto com os integrantes originais Roberto Frejat, vocal e guitarra, Guto Goffi, bateria, e Dé Palmeira, baixo e backing vocal, que fazia sua última participação em disco com a banda, além dos músicos convidados Fernando Magalhães, guitarra e backing vocal, e o saudoso Peninha, percussão.

Entendo que este registro é um marco na carreira da banda, pois mostra uma banda perfeitamente entrosada e com todos os músicos em grande forma, somado a timbres poderosos poucos vistos nas outras bandas da década de 1980,  algo que faz do Barão uma banda única de sua geração, pois, além disso,  suas raízes estão todas calcadas no rock and roll, hard rock, blues e rhythm and blues, bem distantes dos contemporâneos de sua geração, que eram influenciados em sua maioria pelo pós-punk e new wave.

Contextualizando, o Barão estava em ascenção novamente, pois seu terceiro álbum de estúdio com Frejat no vocal, Carnaval (1988), conseguiu emplacar um grande hit nacional, a música “Pense e Dance”, também presente neste álbum ao vivo. Vale destacar que poucas vezes se viu no cenário nacional um integrante assumir a linha de frente de uma banda e se impor tão bem com a sua personalidade, considerando  que o também saudoso Cazuza era um frontman marcante.

Quanto ao repertório do álbum, temos versões definitivas de composições que já eram sucessos, como “Porque A Gente É Assim?”, “Bete Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz”, com um solo longo e vibrante, e outras antigas que continuariam no repertório dos shows até atualmente, como “Ponto Fraco”. Um fato interessante é que a banda já não tinha mais em sua formação o tecladista Maurício Barros, deixando assim as guitarras livres para deitarem e rolarem na sonoridade da banda com o reforço da percussão pesada do incrível Peninha, gerando um estilo realmente único no rock nacional!

Algumas curiosidades no álbum, são a inclusão do blues “Não Amo Ninguém”, como representante do set de blues dos shows, a faixa inédita e swingada “Quem Você Pensa Que É?” e a divertida versão de “Satisfaction” , dos Rolling Stones, sua maior influência, certamente, com o produtor Ezequiel Neves (RIP), nos backing vocals.

No ano seguinte a este lançamento, os músicos Fernando Magalhães e Peninha se tornariam integrantes oficiais da banda e o veterano Dadi (A Cor do Som), assumiria o baixo, consolidando o Barão Vermelho num alto patamar de qualidade e representatividade, do rock brasileiro.