Álbuns ao vivo do rock brasileiro: O Terço Live At Palace

Olá, pessoal!

Tem sido muito prazeroso escrever sobre os álbuns ao vivo do rock brasileiro que não são tão conhecidos e quero agradecer ao feedback de todos!

Não poderia deixar de comentar sobre este álbum de O Terço com a Orquestra Juvenil do Estado de São Paulo, lançado em 1994, pois trata-se de um projeto pioneiro no Brasil e que muito me inspira.

Agora vamos embarcar nesta viagem com rock e orquestra!

Abraços,
Medusa.

O Terço Live At Palace – O Terço e Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo (1994):

Sérgio Hinds, guitarrista e cantor, disse logo na faixa de abertura sobre a emoção que foi realizar este antigo sonho de realizar um espetáculo de O Terço com uma orquestra sinfônica, com a banda e a orquestra interagindo e tornando-se uma grande banda. Sem dúvida alguma, conseguiram este feito inédito, até então!

Os arranjos foram feitos pelo maestro Rogério Duprat e a regência ficou a cargo do maestro Júlio Medaglia, sendo que o regente titular da Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo,  João Mauricio Galindo, participou tocando viola neste concerto.

O álbum foi gravado em 1994, no Palace, uma tradicional casa de espetáculos da cidade de São Paulo, e o lançamento foi feito pela gravadora Movie Play.

A formação de O Terço, além do próprio Sérgio Hinds, apresentava o baixista Andrei Ivanovic (também do Blue Jeans), o tecladista e backing vocal Luiz de Boni (in memoriam), além do baterista Franklin Paolillo, todos que haviam gravado o último álbum de estúdio, “Time travellers” (1992), que foi cantado em inglês, sendo que o baterista já havia participado, também, da formação do álbum “O som mais puro” (1983).

O repertório privilegiou o citado álbum “Time travellers”, certamente por ser o mais recente e gravado pela mesma formação, mas não deixou de incluir faixas do clássico “Criaturas da noite” (1975), e outras do álbum “O Terço” (1990).

Há algumas curiosidades sobre o repertório, pois duas faixas foram gravadas originalmente no álbum “O som mais puro” e tiveram regravações em outros álbuns: a instrumental “Luzes”, que foi regravada numa versão para power trio, no álbum “O Terço” (1990), assim como “Suíte”, composta por Flávio Venturini e gravada como tema instrumental, porém, esta foi regravada no “Time travellers” com acréscimo de letra e com a parceria de Sérgio Hinds e Luiz de Boni, na composição desta versão.

Bem, verdadeiras obras de arte como “Criaturas da noite”, que já tem um quarteto de cordas em sua versão original, e “1974” (ambas do “Criaturas da noite”), são propícias para a proposta deste concerto com orquestra, devido as suas características de rock progressivo com vários movimentos típicos da música erudita.

Então, as versões destas músicas para este álbum são alguns dos maiores destaques, na minha opinião, e vale citar que na primeira música, houve uma modulação para adaptar o vocal de Hinds, pois a original é cantada por Flávio Venturini.

Algumas faixas em inglês, como “Lost in time affaire” e “The rhythm of the universe”, ficaram mais valorizadas com estes arranjos para a banda e orquestra. “Hey amigo”, um hino do rock dos anos 1970, ficou bem vibrante com a participação da plateia na introdução e a precisão dos músicos na execução, principalmente na convenção final.

Quanto a performance dos músicos da banda, penso que o genial baterista Franklin Paolillo tenha gravado uma de suas melhores performances, pois encontrava-se no auge de sua forma e o formato deste concerto o favorecia, além de ter o baixista Andrei Ivanovic completando a cozinha com um belo entrosamento.

Luiz de Boni foi o tecladista mais longevo na banda depois de Flávio Venturini, e a sua competência, inclusive nos vocais, fez por merecer este feito na história da banda.

Por último, há de se registrar a persistência e liderança de Sérgio Hinds por atravessar várias décadas a frente de O Terço. A realização deste projeto certamente é um prêmio para a sua longa trajetória mantendo a banda em atividade e fiel ao rock progressivo no Brasil, independentemente das tendências musicais de cada período passado. Sua interpretação tanto na guitarra  como no vocal faz transparecer toda a emoção que este registro representa na sua obra!

Amigos e amigas, faço o convite para apreciarem “O Terço Live at Palace”!!!